domingo, 20 de maio de 2007

O dia em que a Me Morte dormiu com Charles Bukowsk



“Eu gosto mais de você escrevendo assim.”
Era o comentário do dia. Eu não escrevi uma libido, um poema tarado. Os tecladomaníacos de plantão deviam estar se contorcendo. Mas eu era gente porra! Eu comia, arrotava, peidava, chorava, era gente comum. Eu estava numa fase difícil, Crise de identidade? Podia ser, afinal eu era um fake.
Um amigo respondera a um mail onde eu perguntava se havia falado de mim num encontro que tivera com amigos em comum: “Falei do que conheço. Só do que sei. Você é mistério.” Fiquei tocada com aquela resposta. Eu sempre justifiquei minha reclusão na vontade de ver meu personagem na mídia. Na vontade de dar certo, de alavancar. Será que nem eu mesma sabia dos meus motivos? Será que eu não me aceitava como pessoa? Algo mexeu comigo.
Peguei meu colchonete e uma garrafa de 51 e fui para a rua. Nunca gostei de pinga, mas o momento exigia, eu tinha que repensar meus gostos. Não estava mais segura de minhas vontades.
Era dia ainda, dava tempo de encontrar um lugar legal.
Depois de algumas observadas em bairros próximos encontrei o que queria: um terreno baldio longe das casas. Coloquei meu cochonete, deitei olhando pro céu e começei a beber de golada.
-O que faz aí mulher? Enlouqueceu? Esse bairro é perigoso. Antes do amanhecer você será estuprada...
-Sai daqui policial. Esse é um país livre. Se eu quero dormir ao relento, num terreno que não tem dono, isso é problema meu.
-Cada uma que me aparece...
O policial saiu resmungando e foi-se na viatura.
Se eu tinha que ser estuprada que fosse por um bandido bem forte...foi o último pensamento antes do sono me vencer.
Totalmente embriagada e chorosa, como acontece sempre que tomo todas, fechei os olhos e dormi.
De repente senti o hálito quente e o corpo cheirando à cigarro em cima do meu. Pensei em levantar, mas minhas pernas não obedeceram.
Abri os olhos e vi Bukowsk deitado em cima de mim.
--Entre cachaça e risos, perdi o sono...Nunca vi tanta linguada, gozei mais de sentir a saliva do que o membro. Eu já não distinguia o cheiro da pinga do da porra.
-Eta mulher filha da puta! Tu é gostosa pra caralho! Chupa teu veio que meu tempo ta no fim.
Não me recordo se chupei, nem se dei o rabo ou a buceta. O fato é que meu ânus estava em brasa e a xana toda dolorida. Acordei com esperma nas vestes, na cara e na saliva.
E dizem que fui louca em dormir ao relento. Mais um pouco e nem eu me agüento! Ia pedir direitos autorais por servir de puta para o veio safado, ah se ia, na pindura que estou...
Pena, não me lembro de nada... Não sei se foi sonho ou se alguém se fez passar por ele. O fato é que Bukowsk me comeu. Se alguém souber algo sobre o que aconteceu, não me conte, estou satisfeita pensando assim.
E você véio:

-Venha aqui! Deixe teu testemunho ou te dou porrada! Diga que a Me teve honra de ser currada por você. Depois volte para tumba. Eu deixo.
--

Me

Nenhum comentário: