quarta-feira, 23 de maio de 2007

Círculo Vicioso (publicado no www.bardoescritor.net/www.memorteme.blogspot.com)


Flávio tinha dezoito anos de idade e estava numa reunião da seita dos Meninos do Demo de Tatuapé. Tinha acabado de vender a alma ao tinhoso que apareceu em meio ao transe e anunciou: - Serás rico e terás a mulher que desejar, bastando estalar os dedos. Mas preste atenção: um dia venho cobrar. Vinte e dois anos se passaram. Era dia 23 de março de 2007. Tinha quarenta anos e era compulsivo por sexo, não resistia a uma boceta. Acordou com o barulho do despertador. Seis horas. Trabalhou e no final do dia se preparou para um encontro em seu apartamento. Contratara uma puta. Estava cansado das mulheres certinhas, queria depravação. A campainha tocou. Era uma loura estonteante com um par de seios que saltava da blusa. –Olá...! Ele saltou de boca no decote da moça e não viu mais nada. Literalmente. Acordou no dia seguinte com o ânus dolorido. Tentou lembrar do ocorrido, mas não deu. A última coisa que tinha na mente eram os seios em sua boca gulosa. Olhou o relógio: 6 horas. Mas por que o relógio despertou? Era sábado. Ligou para informações e levou um choque: Ainda era sexta-feira! Tinha algo errado. O trabalho se repetiu e a noite também. Dez dias se passaram, todos iguais. Seu ânus já estava em carne viva. No décimo primeiro dia ele acordou mais tarde, o relógio não despertou. -Será? Correu para o telefone. -Alô. Informações? -Sim. Em que posso ajudá-lo? -Por favor: que dia é hoje? -Sábado senhor. Dia 24 de março. Ele deu um grito de satisfação. Correu ao banheiro para se lavar. O telefone tocou novamente. -Alô. -Flávio? -Eu mesmo. Quem fala? -Lembra de mim? O quarto se encheu de um aroma de enxofre. Eu disse que viria receber um dia. -Ai.... -Calma. O inferno está lotado. Você deu sorte. Não posso mais levar almas até o ano que vem quando teremos uma reforma por lá. -Mas andou por aqui esses dias... -Sim. Eu cobro as dívidas assim. Uma enrabada e deixo a vítima em paz. -Uma? Foram dez...Suponho. Estou todo deflorado. -Eu tenho culpa se teu rabo vicia xará?
Me Morte
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